quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

O que a Igreja Católica pensa sobre o “fim do mundo”?



Nos últimos dias multiplicaram-se nos meios de comunicação artigos dedicados ao presumível fim do mundo” que, segundo alguns intérpretes do calendário Maya, coincidiria justamente com esta sexta-feira.
Deixando de lado a pouca seriedade da previsão, o que impressiona é o fato que o 21 de dezembro se dá no período litúrgico do Advento. Trata-se de uma circunstância que se presta a uma reflexão, desta vez séria, sobre o “fim dos tempos” segundo a doutrina cristã.
A reflexão é do docente de Teologia Sistemática da faculdade teológica do norte da Itália, Mons. Giacomo Canobbio, entrevistado pela Rádio Vaticano:
Mons. Giacomo Canobbio:- “Parece-me que essas notícias, que estimulam a curiosidade de muitas pessoas, não somente são desprovidas de todo e qualquer fundamento, mas expressam uma espécie de desejo das pessoas de dominar o tempo, de controlá-lo, porque se dão conta de que é a única coisa que não se consegue de modo algum dominar. A ilusão de poder estabelecer uma data para o fim do mundo já foi, de certo modo, “desfeita” pelo próprio Cristo quando, nos Atos dos Apóstolos, os discípulos perguntam a Jesus: “Mas este é o tempo em que estabelecerá o Reino de Israel?”. A resposta de Jesus é muito clara: “Não cabe a vocês conhecer o tempo nem o momento, porque isto é determinado pelo meu Pai. Portanto, como Jesus mesmo diz no Evangelho segundo São Marcos, “somente o Pai sabe a hora”.”

RV: Porém, como podemos olhar para a segunda vinda de Jesus Cristo, para esse fim dos tempos, que faz parte da nossa fé…
Mons. Giacomo Canobbio:- “Se nos colocarmos na perspectiva de que o Senhor é o Salvador, devemos esperá-lo com confiança. Isso não significa que, então, podemos viver superficialmente. Portanto, também a dimensão do juízo deve ser levada em consideração, todavia, não na perspectiva da ameaça, mas, sobretudo, na perspectiva do questionar a si próprio: “Estou eu correspondendo à salvação que o Senhor Jesus quer conceder-me e me concede a cada dia?”. Nesse sentido, parece-me que a perspectiva se desloca para a relação que o fiel tem com o Senhor: é uma relação ao mesmo tempo purificadora – eis o sentido do juízo – e que porta a cumprimento. Certamente, este mundo é frágil, e o vemos continuamente, inclusive do ponto de vista físico e biológico, mas isso não significa que haverá uma destruição catastrófica. Daquilo que podemos colher na Escritura, será uma transformação em um mundo correspondente ao desejo que Deus colocou dentro de nós.” (RL)

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