Muitos hoje se
perguntam qual é a melhor forma de se vestirem para participar do Santo
Sacrifício da Missa. Alguns procuram responder a estes afirmando que
"tanto faz, pois o que importa é o coração". Mas o que dizem os
documentos oficiais da nossa Santa Mãe Igreja à respeito disso?
O Catecismo da
Igreja Católica (n. 1387) afirma, sobre o momento da Sagrada Comunhão: "A
atitude corporal - gestos, roupa - há de traduzir o respeito, a solenidade, a
alegria deste momento em que Cristo se torna nosso hóspede."
Para
compreender o porquê o Catecismo afirma isto à respeito das vestes, é
importante compreender o que é a Santa Missa: ela é a renovação do Sacrifício
de Nosso Senhor Jesus Cristo, que sendo verdadeiro Deus e verdadeiro homem,
pagou pelos nossos pecados na cruz. Tal Sacrifício se torna presente na Santa
Missa no momento em que o pão e vinho tornam-se verdadeiramente o Corpo,
Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor (Catecismo da Igreja Católica,
1373-1381). O Santo Sacrifício da Missa é incruento (ou seja, sem sofrimento
nem derramamento de sangue), ou seja, é o mesmo e único Sacrifício do Calvário,
tornando-se verdadeiramente presente na Santa Missa para que possamos receber
os seus frutos e nos alimentar da Carne e do Sangue de Nosso Senhor. Por isso o
Sagrado Magistério nos ensina que "o sacrifício de Cristo e o
sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício." (Catecismo da
Igreja Católica, 1367)
É preciso
evitar, então, primeiramente as roupas que expõe o corpo de forma escandalosa,
como decotes profundos, shorts curtos ou blusas que mostrem a barriga. Mas
convém que se evite também tudo o que contraria, como afirma o Catecismo, a
alegria, a solenidade e o respeito - isto é, banaliza o momento sagrado.
O bom senso nos
mostra, por exemplo, que partindo do princípio da solenidade, é melhor que se
use uma calça do que uma bermuda. Ora, na nossa cultura, não se vai a um
encontro social solene usando uma bermuda!
O bom senso
nos mostra também que, partindo do princípio do respeito e da não-banalização
do sagrado, é melhor que se evite roupas que chamam atenção para o corpo ou
para elementos não relacionados com a Sagrada Liturgia. É melhor que uma
mulher, por exemplo, utilize uma blusa com mangas do que uma blusa de alcinha;
é melhor que utilize uma calça discreta, saia ou vestido do que uma calça
estilo "mulher-gato" (isto é, apertadíssima); também é melhor que se
utilize, por exemplo, uma camisa ou camiseta discreta do que uma camiseta do
Internacional ou do Grêmio.
A questão se
reveste de uma seriedade ainda maior quando se trata daqueles que exercem
funções litúrgicas, tais como os leitores e músicos. Pois estes, além de
normalmente estarem mais expostos ao público que os demais, acabam por serem
também modelos.
É de acordo
com este senso que até a pouco tempo atrás era comum se utilizar a expressão
popular "roupa de Missa" ou "roupa de Domingo" como
sinônimo da melhor roupa que se tinha. Quanto bem faria aos católicos se esta
expressão fosse restaurada!
Quanto aos que
afirmam que "o que importa é o coração", vale lembrar que aqui não
cabe a aplicação deste princípio, pois isso implicaria colocar-se em
contraposição com grandes parte das normas litúrgicas da Santa Igreja, bem como
com os diversos sinais e símbolos litúrgicos (paramentos, velas, incenso,
gestos do corpo, etc), que partem da necessidade de se manifestar com sinais
externos a fé católica à respeito que acontece no Santo Sacrifício da Missa,
bem como manifestar externamente a honra devida a Deus. A atitude interna é
fundamental, mas desprezar as atitudes externas é um erro.
A este
respeito, escreveu o saudoso Papa João Paulo II: "De modo
particular torna-se necessário cultivar, tanto na celebração da Missa como no
culto eucarístico fora dela, uma consciência viva da Presença Real de Cristo,
tendo o cuidado de testemunhá-la com o tom da voz, os gestos, os movimentos, o
comportamento no seu todo. (...). Numa palavra, é necessário que todo o modo de
tratar a Eucaristia por parte dos ministros e dos fiéis seja caracterizado por
um respeito extremo." (Mane Nobiscum Domine, 18)
Concluímos com
as palavras de São Josemaria Escrivá em uma de suas fantásticas homilias,
recordando seus tempos de infância: "Lembro-me de como as pessoas se
preparavam para comungar: havia esmero em arrumar bem a alma e o corpo. As
melhores roupas, o cabelo bem penteado, o corpo fisicamente limpo, talvez até
com um pouco de perfume. Eram delicadezas próprias de gente enamorada, de almas
finas e retas, que sabiam pagar Amor com amor." Afirma ainda: "Quando
na terra se recebem pessoas investidas em autoridade, preparam-se luzes, música
e vestes de gala. Para hospedarmos Cristo na nossa alma, de que maneira não
devemos preparar-nos?" (Homilias sobre a Eucaristia, Ed.
Quadrante).
Fonte: http://www.veritatis.com.br/liturgia/6275-como-se-vestir-para-ir-a-santa-missa
O
QUE DIZ O CÓDIGO DE DIREITO CANÔNICO SOBRE O USO DO VÉU?
Até
bem pouco tempo atrás, as mulheres eram obrigadas pelo direito canônico a
usarem o véu na Igreja.
O
Cânon 1262 §2 do Código de Direito Canônico dizia (tradução livre a partir do
inglês):
Can. 1262 §2. Os homens, na Igreja
ou fora dela, enquanto assistem aos ritos sagrados, devem trazer a cabeça
descoberta, a não ser que os costumes aprovados do povo ou circunstâncias
peculiares determinem de outra maneira; as mulheres, no entanto, devem
trazer a cabeça coberta e estarem vestidas de forma modesta, especialmente
quando se aproximarem da mesa da comunhão.
Hoje
em dia não é mais assim. O Código de Direito Canônico de 1983 não contém esse
preceito. Com efeito, o Código de 1983 abrogou as partes do Código de 1917 que
não foram intencionalmente incluídas na nova legislação (incluindo aí o Cânon
1262 §2).
O
Cânon 6 §1 do novo código estabelece:
Cân.
6 § 1. Com a entrada em vigor deste Código, são abrogados:
1º o Código de Direito Canônico promulgado em 1917;
Isso
quer dizer, portanto, que as mulheres são livres para usarem o véu na Igreja,mas não são obrigadas a fazê-lo.