Conheça um pouco da história de Santa Angela de Foligno.
SANTA ANGELA DE FOLIGNO (1248-1309)
Angela de Foligno nasceu em 1248 na cidade de Foligno,
Úmbria, Itália de pais ricos e não cristãos. Casou-se cedo e teve vários
filhos. Vivia uma vida mundana e as vezes sacrílega. Assim viveu até os trinta
e sete anos, quando uma tragédia avassaladora mudou sua vida.
Num curto espaço de tempo perdeu os pais, o marido e todos os numerosos filhos,
um a um. Mas, ao invés de esmorecer, uma mulher forte e confiante nasceu
daquela seqüência de mortes e sofrimento, cheia de fé em Deus e no seu conforto
espiritual. Em seguida a uma visão em 1285 ela se converteu. Como conseqüência,
em 1291 fez os votos religiosos, doando todos os seus bens para os pobres e
entrando para a Ordem Terceira de São Francisco, trocando a futilidade por
penitências e orações. O dom místico começou a se manifestar quando Santa
Ângela recebeu em sonho a orientação de São Francisco para que fizesse uma
peregrinação a Assis. Ela obedeceu, e a partir daí as manifestações não pararam
mais.
Ela experimentou várias experiências místicas relatadas pelo seu biógrafo,
Padre Arnaldo de Foligno. Notável por sua caridade, visionária, mística é
considerada a primeira escritora mística da história da Igreja.
Ângela de Foligno deixou inúmeros escritos de natureza mística, incluindo uma
ampla autobiografia. Dedicou-se à meditação do mistério da paixão de Jesus
Cristo; ás atividades de oração e prática da caridade. Segundo seus relatos
teve visões místicas.
Contam seus escritos que ela chegava a sentir todo o flagelo da paixão de
Cristo, nos ossos e juntas do próprio corpo. Todas essas manifestações,
acompanhadas e testemunhadas por seu diretor espiritual, Santo Arnaldo de
Foligno, foram registradas em narrações que ela escrevia em dialeto úmbrio e
que eram transcritas imediatamente para o latim ensinado nas escolas, para que
pudessem ser aproveitados imediatamente por toda a cristandade. Trinta e cinco
dessas passagens foram editadas com o título "Experiências espirituais,
revelações e consolações da Bem-Aventurada Ângela de Foligno", livro que
passou a ser básico para a formação de religiosos e trouxe para a Santa o
título de "Mestra dos Teólogos". Muitos dos quais a comparam como
Santa Teresa de Ávila e Santa Catarina de Sena.
Uma das passagens mais interessantes de sua vida foi quando ela estava
refletindo sobre a Paixão de Cristo e entrou em êxtase, no qual Cristo lhe diz:
“Não foi para brincar que te amei”. Segundo ela, Jesus estava referindo-se ao
Seu sacrifício na Cruz para nos salvar.
Sua espiritualidade se orienta para a Paixão e Morte de Jesus Cristo. O Cristo
da Cruz é o livro da vida, que deve ser por todo aquele que deseja encontrá-lo.
Era tamanha a vocação que ela nutria pela cruz, que se contemplasse uma estampa
ou quadro que representasse alguma cena da Paixão, era acometida de febre.
Na meditação da Paixão era que tomava consciência da gravidade de seus pecados
passados, chorando-os com dor maior. Nesta contemplação da cruz, ela mesma diz,
ardia em tal fogo de amor e de compaixão que, estando junto à cruz, tomei o
propósito de despojar-me de todas as coisas, e me consagrei inteiramente a
Cristo.
Ângela terminou seus dias orientando espiritualmente, através de cartas,
centenas de pessoas que pediam seus conselhos. A Santo Arnaldo ditou sua
autobiografia. Na Santa Missa, ela muitas vezes via Jesus Cristo na Santa
Hóstia.
Um de seus livros mais conhecidos: "Theologia Crucis" é uma belíssima
meditação da Paixão de Cristo.
Morreu na mesma cidade em que nasceu em 4 de janeiro de 1309 e foi enterrada na
Igreja de São Francisco de Assis em Foligno, Itália.
PENSAMENTOS DE ANGELA DE FOLIGNO
"Sem a luz de Deus ninguém se salva. Ela ajuda o homem a dar os primeiros
passos; ela o leva ao topo da perfeição. Por isso, aquele que quiser começar a
possuir esta luz de Deus, reze".
"Sua vida pode ser, mesmo quando sua língua está em silêncio, um límpido
espelho...".
"Quanto mais você rezar, mais luz receberá; e quanto mais luz receber mais
profundamente verá o sumo bem e a bondade dele definida em todas as coisas. E,
quanto melhor e mais profundamente ver, mais o amará; e quanto mais o amar,
mais será feliz; e quanto mais for feliz, mais compreenderá Deus e será capaz
de entendê-lo".
"A oração deverá ser feita na medida do possível, numa situação de
serenidade de espírito e, portanto, é possível, no silêncio e com a alma livre
de qualquer ansiedade".
"Não dormia. Ele chamou-me e disse-me que aplicasse os meus lábios sobre a
ferida do seu lado. Pareceu-me que aplicava os meus lábios, e que bebia sangue,
e neste sangue ainda quente eu compreendi que ficava lavada. Eu senti pela
primeira vez uma grande consolação, misturada uma grande tristeza, porque tinha
a Paixão diante dos meus olhos. E solicitei do Senhor a graça de derramar o meu
sangue por Ele como Ele tinha derramado o seu para mim".
“Quando a morte te arrancar deste mundo, cheio de vaidades e luxos sem razão, e
chegardes a Minha Presença para ser julgada... vendo os pecados que os homens
cometeram ao olhar para o teu corpo escassamente coberto, tu própria ficarás envergonhada”.
"Se você já estiver no caminho da perfeição e quiser que esta luz aumente
em você, reze; se você já alcançou a perfeição e quer mais luz para poder nela
perseverar, reze; se você quisera fé, reze; se quiser a esperança, reze; se
quiser a caridade, reze; se quiser a pobreza, reze; se quiser a obediência, a
castidade, a humildade, a mansidão, a fortaleza, reze. Qualquer virtude que
você queira, reze".
"É bom e muito agradável a Deus que tu ores com o fervor da graça divina,
que veles e te fatigues ao realizar toda ação boa; mas é mais agradável e
aceitável ao Senhor se, faltando a graça, não diminuas tuas orações, tuas
vigílias, tuas boas obras. Atue sem a graça da mesma maneira como o fazias
quando a possuías… tu fazes tua parte, filho meu, e Deus fará a sua. A oração
forçada, violenta, é muito agradável a Deus".
"Seria mais tolerável para mim sofrer todas as dores, suportar as torturas
mais horrorosas dos mártires, que me ver exposta às tentações diabólicas contra
a pureza".
"Colocastes a humildade de coração e a mansidão por fundamento e firme
raiz de todas as virtudes... Por isso, Senhor, quisestes que, de vós,
principalmente, as aprendêssemos... Dai-me a graça de estabelecer-me em tal
alicerce! Fundada nesta base, esforce-me por crescer. Se for a humildade meu
alicerce, será minha conversação toda angelical, pura, benigna e pacifica.
Serei benévolo e agradável a todos, e com todos mostrar-me-ei amável... Ó
humildade, quantos bens trazes, tu que fazes pacíficos e serenos os que te
possuem!”
"O supremo bem da alma é a paz verdadeira e perfeita... Quem quer,
portanto, perfeito repouso trate de amar a Deus com todo o coração, pois Deus
mora no coração. Ele é o único que dá e que pode dar a paz".
"Sepultei-me na paixão de Cristo, e me deu a esperança de que nela
encontraria minha libertação".
"Ó nada desconhecido, ó nada desconhecido! Não pode a alma ter melhor
visão neste mundo do que contemplar o próprio nada e habitar nele como a cela
de um cárcere".
“Ó Deus-Homem doloroso, ensinai-me a considerar e imitar o exemplo de vossa
vida e a aprender de vós, ó modelo de toda perfeição!... Fazei-me correr atrás
de vós com todo o afeto de minha alma, para chegar, com vossa guia, felizmente,
à cruz".
“Ó Jesus, vossa primeira companhia na terra foi a pobreza voluntária, contínua,
perfeita, suprema... Quisestes viver e ser pobre de todas as coisas
temporais... Das coisas deste mundo só quisestes a extrema indigência, com
penúria, fome e sede, frio e calor, muita fadiga, dureza e austeridade...
Quisestes viver pobre de parentes e amigos e de todo afeto deste mundo...
Enfim, vos despojastes de vós mesmo, exteriormente despido de vosso poder,
sabedoria e glória".
"Eu, Ângela de Foligno, tive que atravessar muitas etapas no caminho da
penitencia e conversão. A primeira foi me convencer de como o pecado é grave e
danoso. A segunda foi sentir arrependimento e vergonha por ter ofendido a
bondade de Deus. A terceira me confessar de todos os meus pecados. A quarta me
convencer da grande misericórdia que Deus tem para com os pecadores que desejam
ser perdoados. A quinta adquirir um grande amor e reconhecimento por tudo o que
Cristo sofreu por todos nós. A sexta sentir um profundo amor por Jesus
Eucarístico. A sétima aprender a orar, especialmente rezar com amor e atenção o
Pai Nosso. A oitava procurar e tratar de viver em contínua e afetuosa comunhão
com Deus".
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